terça-feira, 18 de setembro de 2012

Férias em modo de Voluntariado

Este ano tive umas férias diferentes. Podia ter ido apanhar sol para um resort numa qualquer ilha paradisíaca ou passear numa qualquer cidade cosmopolita para ver museus e fazer compras, mas não.

Optei por integrar uma Missão de Voluntariado através da ALVD – Associação de Leigos Voluntários Dehonianos, durante o mês de Agosto em Moçambique, no Centro Juvenil Padre Dehon do Alto Molócuè, na província da Zambézia.

Para lá chegar, desde Outubro do ano passado frequentei uma formação de preparação para esta Missão, juntamente com mais 6 pessoas (Nélia, Marlin, Isabel, Marta, Gonçalo e Pe. Juan). Esta formação foi orientada por voluntários que já tiveram experiência em missão e como tal transmitiram o seu conhecimento de causa, por vezes difícil de entender por quem lá nunca esteve. Este conhecimento foi completamente desmistificado após conhecimento da realidade local, porque o que se planeia nem sempre corre como queremos e como imaginamos. É necessário aprender a ultrapassar esta grande barreira e aceitar a realidade tal como ela é, e saber dar a volta a determinadas situações, para as quais nem sempre estamos preparados. Este ponto fez parte da adaptação à missão que depois de ultrapassado, faz com que tudo corra bem! Serviu também para criar laços e sentido de interajuda entre todos, que foi plenamente aplicado durante a missão (e continuará a ser).

Tive o privilégio de conhecer algumas pessoas pelas quais tenho uma grande admiração entre os quais: Pe. Onorio Matti e Pe. Ilario Verri, ambos pela sua persistência, paciência e dedicação aos outros e o Pe. Elia Ciscato, pelo seu vasto estudo e conhecimento da cultura local que transmitiu durante a visita a uma comunidade local. A sensação que tive foi a de estar a ver um documentário sobre a vida natural em África mas in loco.

O trabalho propriamente dito da Missão decorreu no Centro Juvenil Pe. Dehon, sendo dividido em várias vertentes (escolinha, informática, biblioteca, aulas de inglês, de musica e de dança). Estive muito próxima de jovens adolescentes que frequentam a biblioteca após as aulas, para terem acesso aos manuais escolares onde copiam a matéria dada pelos professores, devido a não terem possibilidades de os adquirirem. Muitos deles aproveitavam para esclarecer dúvidas e ajuda nos trabalhos de casa. É notório que existe uma grande dificuldade no raciocino lógico e assimilação de conceitos. Esta situação deve-se principalmente à má alimentação e por vezes também uma má preparação dos professores. Existe um longo caminho a percorrer para que esta situação seja ultrapassada, fazendo com que se ultrapasse a barreira de pensar apenas para o dia, passando a se criar estruturas de preparação para o futuro.


A oportunidade de conhecer diferentes pessoas, realidades, mentalidades foi extremamente gratificante, assim como poder observar e guardar na memória as vastas e extasiantes paisagens.

Tudo isto faz com que fique sempre a sensação que o trabalho da missão está inacabado, ficando sempre a vontade de querer voltar. Dizem que não se deve voltar ao sítio onde fomos felizes, mas neste caso é inevitável. Qualquer pessoa que pise solo africano, de certeza que nunca mais será capaz de ver o mundo da mesma prespectiva e acredito que todos podemos ser felizes, mesmo aproveitando o que de menos bom está a nossa volta, transformando (transfigurando) em oportunidades para a mudança. É isto que recebi!

Cláudia Sá
17/09/2012

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