Começo este artigo sobre a minha experiência de voluntariado missionário em Lichinga, Moçambique, fazendo uma apresentação de quem sou.


Após 2 anos de formação chegou o momento de passar à prática e partir em missão. Em Agosto, parti para uma experiência de voluntariado missionário em Lichinga, capital da província do Niassa, no norte de Moçambique. Aguardava-me trabalho a nível Pastoral, com crianças duma escolinha, com um grupo de jovens juntamente com Irmã Maria José e em 2 bibliotecas, uma na casa da Diocese de Lichinga e outra no centro Pastoral também cá de Lichinga.
Está a ser uma óptima experiência, estou a gostar bastante mais do que pensava vir a gostar e já sinto que futuramente terei que fazer uma outra Missão, mas desta, se tivesse oportunidade, gostaria que fosse em Angola.
Esta experiência está a mostrar-me muitas novas coisas e estou a aprender bastante. Os primeiros tempos têm sido um pouco complicados, a mentalidade do povo é muito diferente da que estava habituado em Portugal e noutros países europeus, mentalidade esta que proporciona, por vezes, momentos cómicos. Logo no meu primeiro mês por cá reparei que as pessoas não são capazes de seguir o estimulo do cérebro e aplicá-lo com as suas próprias mãos. Problemas simples, mas em vez de simplificarem, complicam ainda mais. Noto bastante isso a nível tecnológico: apesar de terem boa tecnologia existe uma grande falha na formação profissional, deste modo qualquer avaria não se repara, apenas se abandona. Também reparei que há bastante desperdício por parte de muitos trabalhadores, por exemplo ao nível das instalações eléctricas, não são capazes de fazer cabos com uma medida próxima do necessário, deixando muitas vezes metros e metros de cabos enrolados nos postes. Cabos estes que dariam para muita coisa mas acabam por virar desperdício ficando nos postes ao abandono em vez de os usarem noutros postes e noutras casas.
Mas também vejo por cá muitos aspectos positivos tal como a união dos jovens. É algo que me alegra ver todos os dias os jovens unidos em diversão e alegres a vir da escola ou a ir para missa, também vejo um espírito de entre-ajuda que já não é habitual na nossa sociedade, as pessoas ajudam-se mutuamente não conseguindo ver um irmão mal.

Acabo este meu artigo agora pois não sou muito bom a expressar-me por escrito mas, tal como uma pessoa especial, que me pediu para escrever, me disse: “escreve o que te vai na alma”. Bem ou mal eu escrevi tudo o que cá dentro tenho guardado sobre Moçambique e como ainda tenho mais meses para guardar cá dentro, quem sabe voltarei a escrever um novo e mais completo artigo.
Paulo Lima