Testemunhos

Nesta página pretendemos reunir o testemunho dos voluntários que estiveram envolvidos nos vários projectos da ALVD.

Conte-nos a sua experiência!

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7 comentários:

  1. Em 2008 fiz parte do grupo de missionários Dehonianos que foi para Nampula, Moçambique, para fazer uma biblioteca de Ciências da Educação, dar aulas de música e ajudar no hospital psiquiátrico.
    Os livros foram muito difíceis de reunir visto que há poucas pessoas a doar livros técnicos e universitários mas lá conseguimos enviar cerca de mil livros e cinco computadores usados.
    Ficámos numa cidade, junto a um polo universitário, mas onde o alcatrão das estradas era a terra batida e as crianças a alegria da rua. Fomos visitar algumas comunidades fora da zona urbana e aí surge a maneira como vive a maioria das pessoas em África: sem água nem luz, em palhotas ou pequenas casas de tijolos cozidos ao sol e telhado de colmo e que têm de caminhar muito para ir buscar água, mas se pensam que há amargura ou tristeza naqueles corações isso não é verdade.
    Numa dessas visitas celebrou-se uma eucaristia que foi a melhor da minha vida, tanta alegria a cantar e a dançar, as oferendas directas da machanba para o altar tudo foi incrível mas não se ficou por aqui.
    Houve uma reunião com os jovens sobre o tema "Onde está a Felicidade?" e uma das minhas perguntas era qual um dos momentos mais felizes da tua vida? E eles responderam que estão sempre felizes, senti-me estúpida. Outra pergunta era o que mais desejas para seres feliz? E as respostas andavam todas entre a paz e a saúde, ninguém pediu uma bicicleta, água, electricidade ou comida ( que eu bem observei que era muito curta normalmente).
    A felicidade e a alegria é inata neste povo, desde pequenos habituaram-se a partilhar o pouco que têm, a olhar pelos mais novos e a fazer das fraquezas forças.
    Há uma cena que me ficou gravada para sempre, nós tinhamos alguma dificuldade em cozinhar aquele arroz que é muito miúdo e partido pelos pilões com que o descascam mas super biológico, então conseguimos fazer três qualidades de arroz no mesmo tacho: em cima crú, no meio cozido e no fundo queimado, como somos finos o tacho andou na cozinha dois dias até que perguntei a uma das consagradas do Coração de Jesus o que devíamos fazer e ela foi ao portão chamou algumas crianças que limparam o tacho e nos pediram algumas bananas para levarem para os irmãos.
    Aquele mês foi uma lição de vida, ver como nós somos tão consumistas quando para se ser feliz é preciso tão pouco.
    Quando faço um balanço entre o que eu fui dar e o que recebi chego sempre à conclusão de que eu vim com a alma mais rica do que quando fui e é por isso que vou voltar.

    Maria Encarnação

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  2. Muito bem Maria. Essa jovialidade e perspicácia embelezam a tua formosura. adérito barbosa

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  3. Para Sra.Maria Encarnação.
    NO seu comentário fala da biblioteca de Ciências da Educação, e eu gostaria se saber se for possivel, se essa biblioteca ainda precisa de livros. Se sim, também gostaria de saber como é que me dirigo a eles?
    Fico á espera de uma resposta.
    Cumprimentos.

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  4. Testemunhos da missão Lichinga 2010. Aprender para Ensinar

    AVELINO VIEIRA
    Moçambique, ou deverei dizer Província do Niassa?! Pois, quem ouve falar em Moçambique é capaz de pensar na capital (Maputo) e não se lembrar do restante país.
    A verdade é que no Niassa vemos um mundo completamente diferente, muita pobreza e condições quase nulas.
    Mas ao ver que o povo de lá vive tão tranquilo – não tendo praticamente nada é tão feliz e alegre – cheguei à conclusão que vivo numa comunidade com um povo ingrato, que por mais que tenha nunca fica satisfeito. Nós somos assim, podemos não ter noção mas se reflectirmos acabamos por assumir.
    O que mais gostei foram as crianças que corriam todas atrás de mim acreditando que eu era Jesus e tocavam-me no cabelo, na barba e na pele muito admirados, uma situação comovente no momento...
    O que me tocou mais profundamente foi ver tantas crianças. Fui a um centro de nutrição, onde vi crianças órfãs e desnutridas. Um centro que espera há 3 anos por ajuda do Governo moçambicano.
    Outra situação também chocante é a quantidade de albinos que vi, muitos deles fugidos da Tanzânia, onde são discriminados e mortos para supostamente os seus órgãos serem convertidos
    em medicamentos para a cura de várias doenças nesse país. Existem assassinos que os perseguem para retirar partes dos seus corpos e que depois utilizam em magia negra, alguns até acreditam que trazem sorte e riqueza. No entanto, esse não é o único perigo que eles correm, são muito vulneráveis à luz solar devido à falta de pigmentação na pele, cabelo e olhos, mas andam como pessoas normais, acabando por apanhar cancro da pele.
    Apesar de ver coisas que nunca pensei serem possíveis, adorei a experiência.
    Fui muito bem recebido e acolhido, o que não imaginava antes de lá chegar.
    Dos 27 dias que lá estive, fiquei com a sensação que fiz muito pouco mas acho que ao conhecer um mundo tão diferente e pessoas tão diferentes... cresci!

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  5. Testemunhos da missão Lichinga 2010. Aprender para Ensinar

    CARLA MONTEIRO
    Quando cheguei a Lichinga não consegui falar e quando o fiz disse para a Rita: Amanhã vou embora, não vou aguentar aqui…
    O tempo foi passando. Os projectos que tínhamos preparado cá foram postos em prática. E ensinámos, aprendemos, partilhámos!
    A segunda semana foi em Mossangulo, sem água, sem luz e com o anoitecer às 17h. Foi, sem
    dúvida, muito marcante porque, apesar de não termos as condições a que estávamos habituadas,
    conseguimos dar a volta à situação e demos muita alegria àquelas crianças e a um adulto
    em especial.
    De uma forma geral, todas as crianças que vi tinham um sorriso encantador, expressivo, alegre.
    Contentavam-se com carrinhos construídos por eles, com coisas que apanhavam nas lixeiras.
    Passámos um dia num orfanato.
    À noite, no fi m de jantar, estávamos
    a fazer a avaliação do dia como era hábito) e não consegui falar. As lágrimas caiam sem parar.
    Só via os rostos daquelas crianças sem nada, mas tão meigas e carinhosas que a minha vontade era arregaçar as mangas e dar-lhes tudo o que tinham direito na sua condição de crianças!
    Venho de lá com uma certeza: se todas as pessoas tivessem a coragem de fazer o pouco e o possível, este mundo não seria tão injusto.
    E eu tenho a certeza que o fiz!
    Por último, quero agradecer a todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, me ajudaram a levar esta missão até ao fim.

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  6. Testemunhos da missão Lichinga 2010. Aprender para Ensinar

    RITA SOUSA
    O primeiro dia foi uma mistura de sensações: cansaço, choque e saudade. Mas rapidamente se dissipou e se transformou em alegria e afectos.
    A formação às monitoras em Lichinga correu muito
    bem. Sentimos bastante interesse e que a nossa experiência não estava a ser em vão. Estava a ajudá-las a crescer enquanto profissionais que trabalham com crianças. Foi uma partilha muito enriquecedora, não só a nível profissional como a nível pessoal.
    As condições, muitas vezes, não eram as mais agradáveis.
    Mas até isso nos fazia rir da situação e, hoje,
    já tenho saudades.
    Passámos uma semana no mato, em Mossangulo.
    Foi a experiência mais marcante. Muitos órfãos, o dialecto era diferente, não tínhamos luz nem água…
    Mas quando acordava tinha uma vontade enorme de
    ir trabalhar e ir brincar com aquelas crianças de olhos grandes e expressivos.
    Em África o povo marca muito. A mim marcaram-me
    as crianças. Estou muito saudosa por isso. Vou
    voltar!

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  7. à descoberta do Alto Molucué no Google, imagens, deparo-me com uma fotografia muito amorosa da Marisa e de um menino negrinho. Uma imagem lindíssima e digna de ser vista por todos, em especial pelos voluntários agosto 2013.
    Espreitem:
    http://mediarcaminho.blogs.sapo.pt/7129.html

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