quarta-feira, 25 de junho de 2014

Flashes de Nampula

Sai ehali? (Como estão)

Expressões da Família Dehoniana em Nampula

Novo pároco

O P. Carlos Lobo, antigo superior provincial dos scj de Moçambique, foi nomeado pároco da paróquia de S. Pedro do Bairro de Napipine.

Além da Igreja de S. Pedro, tem a Igreja de Murrapaniwa, a capela de S. Paulo, a capela de Nairuku e a capela de Nahene.

Assim no segundo domingo de junho, tomou posse como mandam os cânones e, após a missa, houve convívio com a participação dos vários grupos paroquiais.



Candidatas à Companhia Missionária

No dia 14 de junho, após o retiro de um dia em Rex, orientado pelo autor desta escrita, das dez jovens presentes, três começaram o seu compromisso na Companhia Missionária do Coração de Jesus.



Primeiras comunhões…

No dia 22 de junho, foi dia de comunhões nos vários centros da paróquia de Napipine.
O jovem P. Tadeu ficou aqui na Igreja central. O P. Carlos Lobo presidiu em Murrapaniwa, um centro já com muita organização. E até tem eletricidade.

Já os outros dois foram assim distribuídos: O P. Elia Ciscato levou um pequeno carro que tem quatro rodas e volante. Aguentou passar no que ele chama estrada e eu o leito de um rio seco cheio de buracos e lixo.
Deixou-me em Nahene e ele continuou para a capela de S. Paulo.

Fiquei ali sozinho às 7.15h da manhã. O ancião da comunidade ainda não tinha chegado. Às 7.30 chega disparado, dizendo que eu que tinha de confessar a população antes da missa. Eu como já aprendi uns argumentos destes lados, respondi-lhe que iria confessar apenas as crianças que iriam fazer a primeira comunhão na missa das 8h e que as outras pessoas ficariam para outra ocasião.




Depois do rito referido, lá presidi à missa das 14 crianças em Nahene (terra de gazela). Para dizer a verdade, foi a primeira vez que presidi a uma primeira comunhão (nunca fui pároco).

Depois dos cantos, das danças e da eucaristia, viemos todos para a rua tirar fotografias como verão.










Aproveitei para conversar enquanto não chegava o P. Elias da capela perto da estrada que vai a Cuamba.
Fiquei de boca aberta quando as pessoas me disseram que toda aquela região não tem eletricidade. Usam um candeeiro e já não é mau.

Capelas, escolas, casas… não têm eletricidade…

Depois de ouvir, lá voltei para casa com uma galinha que me ofereceram por ter presidido à primeira comunhão. Grande novidade: voltou a água que tinha fugido há dois dias.

Grande abraço de Nampula
Mpaka nihiku nikina (até à próxima).
Adérito Barbosa scj

sábado, 21 de junho de 2014

À procura do contentor…

Num dia de semana, com ajuda do antigo provincial de Moçambique, fomos já tratar da chegada do contentor a Nacala.

Para começar a desbloquear, foram cem dólares…

E ele só chega a 14 de julho…

Assim, resolvemos ir ver o oceano Índico…














Foram literalmente 5 minutos…














Mas mais vale cinco minutos no Índico do que um mês no Atlântico…














Encontramos uma criança que se chama Meque…

O Meque já tinha concluído a escola…

Ao fim e ao cabo, acabou por dizer que já sabia escrever o nome…

Quando formos levantar o contentor…

Terá acrescentado algo ao seu conhecimento…

Adérito


terça-feira, 17 de junho de 2014

NOTÍCIAS DE NAMPULA

Caríssimos confrades e amigos
Saudações de Nampula

Depois de grandes azáfamas e correrias por causa da bagagem (os livros são mesmo pesados) e da regularização de alguns documentos (em andamento), cá me encontro de prego a fundo, como irão perceber nesta mensagem.

Tenho recebido mensagens de todo o lado a dizer, porque eu não me despedi das pessoas.
Antes de mais, peço desculpa a todas e a todos, porque eu não sei gerir despedidas. Parto e pronto, já parti. Quero ir para os aeroportos, estações de comboio cedo e fico à espera sozinho, a ler algum livro. Sempre foi assim…

Para deixar os trabalhos que tinha em mãos organizados e encaminhados, andei a mil à hora, descansei pouco e não liguei muito às pessoas…

Por fim, costumo dizer que nem da minha irmã me despedi, vejam lá… Não acreditam? Telefonem-lhe.
Até à última da hora, não acreditava que vinha. Só acreditei mesmo quando aterrei em Maputo e pisei esta terra fascinante e vermelha, que me faz lembrar os voluntários que cada ano vêm cá colher um pouco de experiência deste povo com tradições que davam para escrever uma biblioteca.

Aqueles que me conhecem sabem que a minha paixão foi sempre trabalhar na investigação na teologia pastoral ou em ciências da educação.

Para que não restem dúvidas, se é que as há, após um convite irrecusável da FEC (Faculdade de Educação e Comunicação) de Nampula para ser o coach no Centro de Investigação, conversei e durante um ano amadureci a ideia com as autoridades provinciais (Portugal, Moçambique) e a Universidade.

Tendo o avale positivo, após a ponderação, cá estou eu em Nampula na comunidade de Napipine com o P. Elia Ciscato (o sábio da cultura macua, cujas palavras não ouço, mas bebo-as), que é como um pai para mim. O jovem sacerdote P. Tadeu e o P. Carlos Lobo que acaba de chegar para coordenar a paróquia completam esta comunidade.

A nossa presença em Napipine, para já, circunscreve-se à paróquia que é enorme e tem mais cinco centros de culto a alguns kilómetros daqui.

É evidente que as necessidades são enormes e a seu tempo irei pedir a vossa colaboração.

A minha vida começa às 6horas da manhã com adoração e termina com as Laudes às 6.40h. Às 6.45h tenho que ir a pé cinco minutos para apanhar uma boleia que me leva até à universidade, onde entro às 7.00 da manhã. Às 12 horas com boleia regresso a casa para almoçar e pelas 13.45h volto à universidade, para das 14h às 17h estar ao serviço da investigação.

A eucaristia às 18.15h e as vésperas às 19.15 antecedem o jantar às 19.30h. Após dois dedos de conversa, retiro-me, porque, no dia seguinte, o horário é o mesmo.

É evidente que só esperava que chegasse a sábado para parar e dormir o que não dormi durante a semana.
Este sábado ainda descansei, mas no próximo já tenho atividades durante todo o dia.

A vida aqui tem outro ritmo e as coisas não são vertiginosamente perfeitas. Vão-se aperfeiçoando. Uma chave que hoje abre uma porta, amanhã fica encravada.

Estamos a dormir e cai uma perna da cama. No dia seguinte, arranja-se e a vida continua.
Aqui vive-se a vida.
Há uma vontade enorme de crescer e desenvolver-se.

A expressão de maior promoção cultural é “estou na faculdade”. Mas é que estão mesmo. Quer-se o curso. Estuda-se. Há uma vontade grande, talvez maior que noutros países com as mesmas condições.

Histórias? Sim. Tenho mesmo muitas situações que dariam umas centenas de páginas… mas a organização do trabalho em que estou empenhado impede-me de ter tempo mental para escrever.

Desejo a todos vós continuidade de bom ano e férias para quem puder.

Aqui estamos a acabar o primeiro semestre.

Depois? Logo se verá.

Grande abraço para toda a gente.

Nampula, 14 de junho de 2014

Adérito Gomes Barbosa, scj

quinta-feira, 5 de junho de 2014

REUNIÃO ANUAL DA DIRECÇÃO E ASSEMBLEIA GERAL

Tiveram lugar no sábado, dia 24 de Maio, a reunião anual da direção da ALVD e a Assembleia Geral.

Debateram-se os projetos e atividades em curso, aprovação de contas e submeteu-se à aprovação os novos corpos sociais.


segunda-feira, 2 de junho de 2014

2º ENCONTRO INTERNACIONAL DO VOLUNTARIADO LEIGO DEHONIANO - BOLONHA

O 2º Encontro Internacional do Voluntariado Leigo Dehoniano decorreu em Bolonha, nos dias 16, 17 e 18 de Maio, com a presença de voluntários de Itália, Portugal e Espanha.

O grupo português constituído por 15 elementos de Lisboa e Porto partiu de Lisboa na sexta-feira pelas 5.30 da manhã.

À chegada tínhamos à nossa espera o Pe Marino e o Pe Jacomo que nos transportaram até Monza.
Em Monza aguardavam, para se juntar ao nosso grupo, o Pe Onório Matti, provincial dehoniano de Moçambique, o Irmão Meoni, de quem os voluntários, que têm  passado por Lichinga, se recordarão e duas voluntárias italianas do norte.

Após a visita guiada às belíssimas instalações do Instituto Leone Dehon, foi-nos oferecido, pela comunidade local, um inesquecível almoço onde pudemos contar com a presença de alguns elementos da Companhia Missionária.

Despedimo-nos, não sem deixar algumas lembranças de Portugal como agradecimento pelo simpático acolhimento.


Seguimos viagem para Bolonha, onde chegámos por volta das 18 horas e tínhamos algumas caras já conhecidas à nossa espera, entre voluntários italianos e espanhois.

Após a receção no Studentato per la Missioni todo o grupo, portugueses, espanhóis e italianos,  teve oportunidade de visitar o “Palácio” "Dehon Media", sede do Centro Editorial Dehoniano, numa vista guiada pelo seu administrador Pe Alberto Breda que nos fez uma apresentação da atividade desta editora. A visita culminou no terraço onde pudemos desfrutar da beleza sobre a cidade de Bolonha com a famosa torre e o Santuário da Madona di San Luca ao fundo.

Seguiram-se as boas vindas dadas pelo vice-superior da comunidade de Bolonha, Pe Marco Bernardoni, que nos apresentou a comunidade e um resumo da história da mesma referindo as mudanças que têm vindo a ser feitas de adaptação à realidade atual.


A Presidente da Companhia Missionária do Sagrado Coração de Jesus, Martina Ceccini, apresentou-nos esta comunidade de leigas consagradas que tem mais de 80 membros distribuídos por vários países incluindo Portugal, Itália e Moçambique.

Partilhou connosco a sua experiência como missionária e deixou aos voluntários o  alerta de que não nos podemos colocar num plano à margem da sociedade, mas a importância de irmos com abertura para ouvir e receber o que os outros têm para nos oferecer, assim como o que Deus tem para nos dizer.

Para além da Martina, a Companhia Missionária esteve presente através da Teresa  Castro, que faz parte do grupo português, com longa experiência de missão em Moçambique e mais recentemente na Guiné, e a Mariolina Lombo, missionária italiana em Moçambique, Nampula e atualmente em Invinha.

Já cheios de fome, aguardava-nos um jantar “ligeiro” de “gnocco” e “tigelle” preparado pela Fiorella e  seu marido com a ajuda dos voluntários italianos.
Após os pasteis de nata lisboetas com que terminámos esta animada refeição seguiu-se um, não menos animado, momento musical protagonizado pelos voluntários  portugueses com o Pe Juan à viola e com a participação de elementos de Itália e de Espanha.

Sábado de manhã, a eucaristia foi presidida pelo Pe Juan e animada pelos voluntários portugueses.
Os trabalhos iniciaram com a intervenção do Pe Onório Matti, provincial de Moçambique: o sentido do voluntariado nas missões dehonianas, particularmente em Moçambique ... perspectivas presentes e futuras.
Iniciou recordando-nos a parábola dos talentos pois o voluntariado é um talento social.
“Há mais alegria em dar do que em receber” At 20,35.


O voluntariado é uma fonte de alegria, temos o dever de dar de forma gratuita aquilo que gratuitamente recebemos.

Nas missões dos voluntários devem coexistir a evangelização e a promoção humana.
Depois apresentou o estilo dos vários tipos de voluntários destacando o voluntário “perfeito”. Aquele que começa por pensar e sintonizar com o outro; aquele que sabe não só  ler o outro mas, também, as situações; aquele que se esforça por compreender.

É deste voluntário missionário que África precisa e não deve ser o voluntário a precisar de África (falso voluntário).
A fé comum é um ponto de partida essencial.

Não terminou sem um alerta para o risco de muitas vezes se pensar que para intervir em África não é necessário fazer as coisas tão bem feitas. Antes pelo contrário, é fundamental que se procure fazer o melhor que se saiba para que dure mais tempo, sem necessidade de grande manutenção.

Finalizou tranquilizando-nos em relação às notícias de violência que são principalmente motivadas pelo período eleitoral e que não refletem o sentir da população e reafirmando a disponibilidade da província de Moçambique continuar a receber voluntários, seja os de longa duração (tão necessários), seja aqueles que querem fazer uma experiência de curta duração.

Após um intervalo para café, os trabalhos prosseguiram com a intervenção do Pe Giuliano Stenico, dehoniano, presidente do Ce.IS de Modena sobre o tema: “A arte de cuidar dos outros, um estilo dehoniano de ser voluntário em missão”  e em que falou da importância da empatia e da ética, no acto de cuidar dos outros, da importância de desenvolvermos a capacidade de sentir o sofrimento dos outros.
Após algumas perguntas e debate sobre as intervenções, um almoço de pizzas, ou não estivéssemos em Itália, serviu para repor as forças.

Retemperados, seguimos para o centro da cidade de Bolonha guiados pela Elisa (voluntária italiana) que, pela sombra das arcadas características de Bolonha, nos levou a visitar os principais monumentos e algumas igrejas, até chegarmos à Piazza   Maggiore onde nos separámos até à hora do jantar para um passeio livre pelas belas e animadas ruas da cidade.


Ainda antes de jantar visitámos o Santuário "Nossa Senhora dos Pobres" em Via Nosadella onde fomos recebidos pelo Pe Marcello Matté, Superior da comunidade do CED e onde fizemos uma breve oração de consagração a Nossa Senhora.

Após um jantar de comida típica, no centro de Bolonha, fomos convidados para um gelado em casa da Companhia Missionária do Sagrado Coração onde se realizou um animado concurso sobre a vida do Pe Dehon.

Feita a  distribuição dos prémios à equipa vencedora, alguns seguiram para a cidade enquanto outros optaram por se retirar dado o avançado da hora e a distância a que nos encontrávamos do Studentato per la Missioni (cerca de 1.00h a pé).

Domingo, iniciámos o dia com uma oração preparada pelo grupo espanhol, que distribuiu por todos os participantes uma pulseira com a frase chave escolhida este ano  para a catequese: “Al mundo faltas TU”.
Durante a oração juntou-se a este grupo de voluntários leigos dehonianos, o Padre Ornelas, Superior Geral dos Dehonianos, que se deslocou de Roma onde se encontrava a participar no Encontro Internacional da Família Dehoniana.

Antes do início dos trabalhos ouvimos as suas palavras de incentivo a esta colaboração internacional de leigos dehonianos e de como ia de encontro ao que também tinha sido abordado no Encontro da Familia Dehoniana em Roma.

Reforçou a importância do trabalho dos leigos e do trabalho em comunhão pois, só juntos conseguimos fazer melhor e é na diversidade que se encontram as resposta para ultrapassar as dificuldades.

Com este incentivo continuámos os trabalhos divididos em dois grupos: o grupo dos voluntários para Angola e o grupo dos voluntários para Moçambique.

No grupo de Angola, com a coordenação do Igor e do Pe Daniel, aprofundou-se o programa de intervenção e fizeram-se os últimos ajustes.


No grupo de Moçambique partilhou-se experiências de missão, ideias de intervenção para o futuro e aprofundou-se a intervenção no Alto Molócuè e em Invinha com os conselhos da Martina e da Mariolina.
O culminar destes trabalhos foi a missa, presidida pelo Padre Ornelas e animada pelo grupo de voluntários portugueses.


Ainda tivemos tempo para um almoço rápido com lasanha servida como primeiro prato, seguida de um prosciutto crudo al forno com batatas…uma refeição à italiana.

Despedimo-nos entregando algumas recordações, os galos de Barcelos, preparados pela Irene e as garrafas de Vinho do Porto e de Moscatel, como agradecimento pelo  caloroso acolhimento de responsáveis e voluntários.

O caminho desta colaboração em conjunto está a ser feito e o Padre Daniel deixou o repto de que o próximo encontro seja realizado em Espanha.

Certo é que voltaremos a encontrar-nos, seja em missão em Angola ou em Moçambique, seja na passagem por Lisboa, seja no próximo encontro internacional.

Com se diz em África: ESTAMOS JUNTOS e, neste caso, move-nos uma fé comum sob a inspiração do Pe Dehon.

Paula Franco