terça-feira, 2 de novembro de 2010

Viagens de um voluntário ALVD - Moçambique

Relato de João José Pereira da Silva Antunes


As comunidades a que assiste a missão Dehoniana no Alto Molócuè são 297.
Pela quantidade de comunidades e pelo reduzido número de padres de que a missão dispõe resulta que por ano serão visitadas mais ou menos duas vezes.

Neste último fim-de-semana foram visitadas cinco dessas comunidades.

No sábado, numa delas, foi celebrante um sacerdote diocesano natural da Argentina que está estagiando nesta missão e que ainda este ano regressará ao seu País. Na segunda comunidade esteve um acólito, que será ordenado Diácono ainda no corrente ano, a fazer a celebração da palavra. Na terceira comunidade estiveram dois padres. Um deles não celebra em virtude dos seus 87 anos de idade - mas quer sempre acompanhar. Nesta terceira comunidade estive eu também.

Para lá chegar, partimos às 7 da manhã e foram percorridos 37 km, sendo os primeiros 20 em alcatrão. A duração da viagem foi contudo de aproximadamente uma hora.

Gostaria de partilhar com quem tem a paciência de me ler o que é estar nestas comunidades, mas tal é indescritível. Só vendo.

A população sai-nos ao caminho. O sacerdote abranda o carro para que a população nos acompanhe. Os cânticos e as palmas não param. Chegados à Igreja é-nos dado um aperto de mão, em três movimentos, por toda a assembleia. Fui rodeado por todos até o Padre estacionar. Imaginaram-me padre. Desta deslocação fiz três vídeos em momentos diferentes. Um precisamente à chegada, outro já no final da eucaristia em que foram apresentadas as boas-vindas com muita música decorrendo também a leitura de um pequeno texto. O terceiro vídeo documenta o que no final foi a procissão de ofertas para o Padre. O pouco quem têm partilham. Grande lição de humildade e solidariedade nos dão.

Uma chaga desta sociedade é o alcoolismo - claro que também temos esta chaga mas outros meios para a combater. Na homília o sacerdote falou dela.

Como a homília é partilhada resolvi sugerir que iniciassem encontros periódicos com essas pessoas que tenham vontade de deixar de beber cuja orientação ficará a cargo de algum responsável local. Foi aceite a ideia e o Padre disse que, quando ali voltasse, gostaria que houvesse resultados positivos.

No final houve confissões e um encontro de jovens. Queriam que eu fosse o orientador. Claro que chamei o responsável para orientar pois eu estava ali mais para aprender. Fui muito questionado. A todas as questões procurei responder.


Acabada esta visita, fomos banqueteados, digo bem, banqueteados. Havia três tipos de arroz, batata frita, frango assado e guisado e salada de alface e tomate, tudo em grande quantidade. Diz o sacerdote que em 20 anos que leva de Moçambique nunca foi assim recebido. Ali foi a sua primeira visita.


 
No final voltaram os apertos de mão e acompanhamento até à estrada sempre a cantar.

No Domingo fomos mais perto. Visitámos duas comunidades. Na primeira ficaram o acólito, um sacerdote e uma voluntária seguindo o restante para a segunda comunidade.

O ritual foi igual ao do sábado. A única diferença esteve na participação deste grupo de jovens que esteve muito fechado. Estranhei que não me tivessem feito perguntas. Provavelmente não lhes consegui transmitir confiança.

É tudo por hoje e até ao próximo encontro.

João José Pereira da Silva Antunes

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