quinta-feira, 14 de julho de 2011

O crescer não acaba

Os primeiros de sol começavam a aquecer Maputo quando pela primeira vez pisámos terra Africana. Um misto de cansaço e ansiedade abalava-nos. Depois pela passagem pelos controladores de passageiros e mercadoria recebemos o primeiro abraço do Padre Ruffini e com a sua hospitalidade conhecemos Maputo.

Recuperamos forças para prosseguir viagem para Nampula, onde chegámos pelas 20h30. Noite escura como breu… pouco tempo depois encontrávamo-nos com os Padres Ricardo e Ciscato, com quem tivemos o prazer de ter uma agradável conversa e uma explicação breve sobre cultura e uma visita ao seu museu de objectos arqueológicos e insectos.

Com a chegada a Maputo tivemos conhecimento de uma nova realidade que se debateu com as nossas emoções. O nosso espanto aumentava cada vez que atravessávamos as ruas da capital de Moçambique. A mistura de sentimentos invadiu-nos entre o choque e o fascínio. O choque avassalou-nos de tal forma por causa da pobreza extrema que testemunhávamos. A nossa viagem parecia ter sido no tempo e não no espaço. Nas nossas mentes só passava a questão de como é possível esta realidade se manter em pleno século XXI. Mas, felizmente, o choque foi-se dissipando, sendo este substituído pelo fascínio que tinha origem no cumprimento, no sorriso e na alegria das crianças. O entusiasmo delas em ver “mucunha” (pessoa branca em moçambicano) fazia-nos sentir como seres divinos que estavam a ser idolatrados… e a nossa missão ainda não tinha começado. Em Nampula fomos recebidos com as boas vindas cantadas por umas jovens, residentes locais, que nos fizeram corar de tanta emoção. A sua boa disposição criou em nós uma certa vergonha pelo facto de o nosso mundo ocidental não possuir tanta alegria e no entanto possuir tantos bens materiais. A ironia das realidades faz-nos pensar que na mala trazíamos sonhos por realizar e solidariedade para oferecer mas após algum tempo fomos nós é que recebemos. A viagem até ao nosso destino final (Alto Molócuè) deu-nos a possibilidade de apreciar as lindas paisagens do interior de Moçambique e admirar as magníficas coisas que a Mãe Natureza nos proporciona mas que muitas vezes estamos demasiado alienados para percebermos. Chegámos de noite, com o cansaço a se apoderar de nós e por isso só no dia seguinte é que nos foi possível admirar o fantástico nascer do Sol em território africano.



O grito ao longe das crianças ao chamarmo-nos “mucunha” impulsionou-nos a dizer um tímido “olá”. O entusiasmo das crianças em quererem nos cumprimentar fez com que rapidamente fosse possível estabelecer contacto com a comunidade local. Inicialmente a sensação de incapacidade de fazer mais e melhor veio ao de cima mas com a simpatia dos mais pequenos foi uma ajuda enorme para nos fazer cumprir a nossa missão. Com o passar do tempo apercebemo-nos que há muito trabalho a fazer…tanto com eles…como com nós próprios. Esperemos, até agora ter contribuído para uma melhor comunidade…pois já temos muitas certezas de que nós já nos tornamos melhores pessoas, com a ajuda da população local.





Alto Molócuè, 14 de Julho de 2011

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