quinta-feira, 5 de abril de 2012

Testemunho da missão, 1 ano de missão em Cuamba/Moçambique/África.

Cuamba, 01/04/2012
 
“Descalça em chão sagrado”
 ”Onde meus pés pisam minha cabeça pensa e meu coração ama”

A experiência de Deus é um caminho que se constrói passo a passo. Para mim, o apelo para servir em Moçambique foi uma interpelação de Deus à qual respondi sim, o que considero um passo marcante em minha vida.

Reafirmei e confirmei o espírito missionário, na disponibilidade em assumir o desafio do novo, a aventura, o sonho de lançar-me numa realidade além-fronteira e distante do já estabelecido. Entendi, a partir daquele momento, que missão é abrir- se, despojar-se, ir ao encontro do diferente.
Ressoou em mim, o pedido de Deus a Moises: Tira as sandálias dos pés porque o lugar onde tu estas pisando é um solo sagrado (Ex 3,5)

Fui ao encontro do povo moçambicano com ternura e compaixão, profundo respeito e grande estima.
Muitas vezes meditei sobre a passagem bíblica de Isaias 49,6: Faço de você uma luz para as nações, para que a minha salvação chegue ate os confins da terra. Isso dava sentido ao dia-a-dia naquela realidade.

Este período que estou nesta realidade, fortaleceu minha convicção sobre quem são os preferidos de Deus. Ao mesmo tempo, me sentir útil e também provocada a gastar a vida junto a outros povos, sentir o diferente, sendo no meio deles uma presença solidaria. Esta sendo uma experiência muito valida e não me arrependo, nem um minuto de tê - la feito. Com certeza, se não a tivesse vivido, não faria as opções que faço hoje, no dia- a- dia.

Aprendi, na pratica do dia-a-dia, a sobreviver como o povo, sentir o sofrimento, as privações pelas quais passam.
Aprendi a andar mais devagar, a fazer menos e a ser feliz assim. É um tempo rico! Pouco a pouco, o medo, a insegurança e a solidão foram dando espaço para a vida, pois apesar de tudo, aprendemos a viver bem.

Encontrei muita solidariedade, quando pensei que era eu que deveria ser solidaria: ser escoltada por mamãs que não conhecia e não me conheciam, ter ajuda nas costuras, bordado, crochê, na limpeza das salas, dos quintais. Provei a kanpaga, a xima, a matapa - comidas e bebida da região. Foi um tempo de aprender a ser, apenas ser!

A palavra vai sendo a cada dia mais, lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho (SL 119, 105). O senhor da messe fez-me um grande apelo e, depois de muita oração e reflexão, o chamado se fez caminho. Abracei com carinho a causa da missão em África, na certeza de que o senhor nunca nos abandona. Pela frente, muitas incertezas, outra cultura, povo desconhecido, tudo diferente.
Mas, a luz da palavra vai apontando o caminho. È preciso estar aberta para acolher o diferente, assim como ele se apresenta, no dia a dia. Assumi os desafios e fui em frente na certeza do Eu estarei contigo ate ao fim do mundo (MT 28,20). Experimentei a grande proteção de Deus, em muitas situações fortes que encontrei!

Eu vi, vi a aflição do meu povo, ouvi o seu clamor!
Vi sangue inocente derramado, lavando a terra mãe!
Vi a ambição pelo poder
Vi a desolação! Vi escolas fechadas, fábricas destruídas...
Vi hospitais abandonados, sem comprimido, sem médicos e nem medicamentos, vi, sim, fome, sede e sofrimento!

Ali me debrucei, para formar catequistas, animadores/as de grupos, crianças, jovens e adultos, incentivar jovens missionários.

Convivo com as famílias, com os doentes, com as comunidades, partilhando e participando da vida do povo, marcando presença nos momentos alegres e tristes, nas celebrações. Incentivo e estimulo para o estudo, a reconciliação, o perdão na vivencia da irmandade.

A catequese com adultos foi à grande descoberta, na qual percebi a necessidade de cultivar a fè madura e colaborar na formação dos animadores e animadoras da comunidade. Esta sendo uma experiência maravilhosa.

Experimento alegrias, proteção de Deus, amor, companheirismo, amizade e bem querer do povo. Sinto a grande solidariedade entre os missionários e missionárias. Vi a sede de aprender, de saber, as infidas solicitações da parte do povo, o esforço de inculturacao. Experimentei a irmã doença chamada malária! A kabanga (bebida típica makua), xima, carne de elefante com batata (feito por mim, uma delicia!).

A despedida das (os) missionários que partem e o abraço caloroso daqueles que chegam, para juntos e juntas construímos nossa missão.

Participei da primeira conferencia internacional de etnobotanica em Maputo, onde puder aprender a conhecer a riqueza das plantas medicinais de Moçambique e assim ajudar no tratamento de doenças típicas do Niassa.

Um aprendizado, de profunda pratica de promover e defender a vida. Um grande obrigado a Deus, que me proporciona esta oportunidade, ao povo que nos acolhe e nos cativa e todas as coirmãs (os) missionários com as quais convivo e aprendo a contribuir para um Moçambique de paz!

Algumas fotos do nosso trabalho e convivência com o povo makua

Formação da comissão de evangelização (lectio divina)

Grande família Além Fronteira, Flor, Célia Cota e Raimundinha!


Em Nampula com as irmãs Bia e Mark (convívio alegre!).

No santuário nossa senhora da Consolata em Massangulo (presença das irmãs da Divina Providencia)

 
Visita nas comunidades São Pedro (equipa missionária).

 
Celebração dia da criança (01/06) na comunidade de Mitucue


Nas comunidades de Nipepe (visita de páscoa)

Mamãs dançarinas na Zambézia, ordenação sacerdotal.
Grande amiga da missão de Nipepe – ir. Maria Célia!

 
Grande amigo da missão de Nipepe – PE.Mabureque!



Primeira visita ao Malawi com a comunidade de Nipepe.

Caçadores de elefante, com a carne do mesmo - Nipepe.


Com as crianças no Malawi.



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